O que uma palmada ensina?

Não sou mãe ainda, mas me atrevo a falar sobre a ‘Lei da Palmada’ mesmo assim. Não acredito que aquelas mães e pais que batem em seus filhos mudem suas atitudes por causa de uma lei, mas ainda assim a acho válida pela intenção que ela tem.

Muito ouço dizer que palmadas não fazem mal, que ensinam, que existem casos e casos, que um ‘tapinha’ é só para educar ou corrigir.

Minha resposta: MENTIRA!

Falo porque todas as vezes em que levei ‘tapinhas e palmadinhas’ não aprendi absolutamente NADA, só senti raiva e vontade de fazer igual… Minha mãe sabe desse meu pensamento, e inclusive mudou sua postura em relação a isso com a minha irmã mais nova.

Falo por mim, mas tenho certeza de que esse sentimento de revolta não era exclusividade minha.

Sou de uma geração que não dispunha de tantas regalias. Fazia algo errado, chamavam minha atenção e no caso de não ter entendido, apanhava. Não quero exagerar, pois também não fui espancada, mas sim, levei tapas e palmadas nas vezes em que fui mal criada, fiz coisas erradas ou desobedeci.

Na época, minha reação era a sempre a mesma: continuava a fazer só para pirraçar, para mostrar que ‘não tinha doído’, e para contrariar a satisfação de quem pensava que uma surra resolvia algo. Além disso, meu pensamento era praticamente sempre o mesmo: “Quero bater também”!

Hoje, olho para trás e não me sinto no direito de julgar minha mãe pelas atitudes dela. Ela apenas repetiu em mim a forma como havia sido educada. Porém, faço questão de não dar continuidade a esse ciclo.

Não sou mãe, mas posso vir a ser um dia, embora este não seja um plano. E de uma coisa tenho certeza: caso os tenha, meus filhos não levarão palmadas ou tapinhas. Por quê? Porque não quero ensiná-lo plantando sentimentos de revolta e a ideia de que é assim que se resolvem as coisas. E também, embora eu dissesse que ‘não doía’ aquele tapinha… sim, ele doía e muito!

Acredito (talvez utopicamente) que conversas ainda são a melhor opção. Acredito também que existam outras formas de ensinar ou ‘corrigir’ comportamentos. Privar de algumas coisas, impor alguma tarefa, ou seja, alguns ‘castigos’ certamente são melhores e mais eficientes do que violência (sim, na minha opinião, tapas são formas de violência).

E no mais, quem me disser que aprendeu com tapinhas ou palmadas, peço que tire alguns minutos para pensar e me responda algumas perguntas:

Aprendeu o quê? Que bater é bonito e ensina?

Que seus pais não sabiam conversar?

Aprendeu o quê?